ARTE

O que é arte?
A arte é uma linguagem que se apresenta de formas variadas, com valores diferenciados que sintetizam nossas emoções e a cultura de um povo.

Baseado no livro de Susan Woodford em A ARTE DE VER A ARTE há varias

1. MANEIRAS DE OLHAR A ARTE

• Escolhemos algumas obras de arte, separadas no tempo e no estilo.


Figura 1 (BISÃO) : Trata-se da pintura de um bisão na caverna pré-histórica de Altamira, Espanha – 15000 – 10000 a. C.
- Pintada no teto de uma caverna existente até hoje na Espanha à quinze mil anos atrás.
- Qual seria a função desta pintura?
Alguns pensam que sua finalidade pode ter sido mágica, e que a imagem habilitava seu autor (ou sua tribo) a surpreender e matar o animal assim representado.
- Encontramos também um princípio análogo na magia negra, onde se supõe que um alfinete espetado num boneco feito a imagem e semelhança de alguém infligirá dano a essa pessoa.
Uma segunda maneira de ver a obra de arte consiste em indagar o que elas nos dizem a respeito da cultura em que foram produzidas.
Por exemplo, a pintura rupestre pode nos dizer algo sobre os homens primitivos, que deslocavam de um lugar para outro se abrigando em cavernas, caçavam animais ferozes, mas não construíam casas permanentes e nem plantavam.

Figura 2 (A RESSURREIÇÃO DE LÁZARO) : Trata-se de um mosaico, século VI. S. Apollinare Nuovo, Ravena.


- É um mosaico de uma igreja cristã primitiva e o seu tema é de fácil interpretação.
- A pintura ilustra a história com clareza; vemos Lázaro, “os pés e as mãos ligados com ataduras”, surgindo do túmulo onde estivera sepultado.
Jesus está de púrpura, conclamando Lázaro que saia com um gesto eloqüente.
A seu lado, um dos que formavam a “multidão presente” em atenção à qual o milagre foi realizado, ergue a mão num gesto de surpresa.
- Esta leitura faz com que a obra seja imediatamente reconhecida.
- Qual a finalidade da pintura? Servia para decorar a igreja?
- Na realidade, na época em que o mosaico foi criado, no séc. VI poucas pessoas sabiam ler.
- A igreja estava preocupada em evangelizar o maior número possível de pessoas. Como explicou o papa Gregório Matos: “as pinturas podem fazer pelos analfabetos o que a escrita faz pelos que sabem ler”. Afinal o desenho a pintura também é um tipo de linguagem.
- Em outras palavras: as pessoas simples poderiam receber as mensagens das Sagradas Escrituras olhando para as ilustrações de fácil compreensão.
Uma segunda maneira de ver a obra:
O mosaico cristão reflete uma cultura paternalista, à qual os poucos esclarecidos forneciam instruções as massas “incultas”.
Diz-se nos primórdios do cristianismo, era importante comunicar histórias sagradas da forma mais clara possível de forma que pudessem absorver esta religião praticamente nova.

Figura 3 - Agnolo Bronzino (italiano, 1503-1572)
(ALEGORIA DENOMINADA VENUS, CUPIDO, LOUCURA E TEMPO), 1546 – 146x116cm. National Gallery, Londres.



-Trata-se de uma pintura a óleo, saída das mão do pintor quinhentista Bronzino.
- Pintou a deusa do amor, Vênus, sendo beijada de modo eroticamente sugestivo por seu filho, Cupido, o menino alado.
A direita do grupo vemos um garotinho sorridente que, segundo um estudioso representa o Prazer. Atrás dele está uma jovem estranha de verde, cujo corpo, notamos surpreendidos emerge de sob o vestido na forma de uma serpente enroscada. É provável que represente a Astúcia – uma qualidade desagradável – amável e sedutora na parte de cima e repulsiva sob a superfície – que freqüentemente acompanha o amor.
- A esquerda do grupo central, vê-se uma velha megera arrepelando os cabelos. É o Ciúme, essa combinação de inveja e desespero que também muitas vezes acompanha o amor.
- Ao alto vemos duas figuras que aparentemente cobria a cena.
- O homem é o Pai Tempo, alado, sustentando, sobre o ombro sua simbólica ampulheta. É o tempo que revela as complicações que assediam o tipo de amor lascivo aqui mostrado.
- A mulher defronte a ele, no alto à esquerda, é – ao que tudo indica – a Verdade; ela desvenda a difícil e perigosa combinação de terrores e alegrias, inseparáveis das dádivas de Vênus.
O quadro transmite uma máxima moral: O ciúme e a astúcia podem ser companheiros tão inseparáveis do amor quanto o prazer.
- Essa máxima não é transmitida de uma forma simples e direta como na ressurreição de Lázaro.
A intenção desse quadro não foi contar claramente de forma simples, uma história para as pessoas “incultas” e anlfabetas, mas despertar a curiosidade e provocar um público muito esclarecido e “culto”.
- Foi pintado para o grão-duque da Toscana e, por este, presenteado a Francisco I, rei da França. Portanto, era uma pintura destinada a divertimento e edificação de um grupo restrito de pessoas esclarecidas.
Uma segunda maneira de olhar a obra:
A alegoria pictórica de Bronzino fala expressiva e significadamente de uma sociedade palaciana intelectualmente refinada que adorava enigmas e usava a arte para entreter-se.

Figura 4 - Jackson Pollock (norte-americano, 1912-1956)
(RÍTMO DE OUTONO), 1950 – 267x526cm. Metropolitan Museum of Art, Nova York.


- Finalmente um quadro feito em nossa época. Não nos mostra nenhuma parte reconhecível do mundo comum.
Nenhum bisão a ser capturado, nenhuma história religiosa a ser transmitida, nenhuma alegoria complexa a ser desvendada.
O que ele pretende mostrar é a ação do próprio pintor.
- Qual a finalidade de semelhante obra?
Sua intenção é revelar a atividade criativa e a pura energia física do artista, informar o observador a ação tanto de seu corpo quanto de seu espírito quando empreende o trabalho de produzir uma pintura.

Figura 5 – Manabu Mabe ( Japonês, 1934-1997)
(Vento de Flôr 75 x 89  óleo sobre tela   1965


- Uma pintura contemporânea dedicada ao lirismo (sentimental, poética). A superfície monocromática, no centro geométrico da tela uma forte mancha graficamente marcada pela espátula e, na parte superior e na inferior, uma mancha misturadas a pinceladas sutis e transparentes.
As pinturas do século XX, conta-nos algo acerca de pessoas que vivem numa era favorável à visão pessoal ou a ação singular de um artista, uma era que parece rejeitar os valores tradicionais das classes privilegiadas e incentiva os artistas a se expressarem de modo livre e original.



Figura 6- (foto) imagem buscada na internet da rua 25 de março em S. Paulo

 

- A foto se deixa levar pelo saudosismo. Retratou um velho imóvel da cidade, que se transformou em ponto comercial. A parte superior da loja, deixa-nos voltar no tempo e tira-nos a idéia da movimentação do entra e sai de clientes, o que nos faz sentir na obra um aspecto frio, duro, parado.
- A obra é hiperrealista pois sua temática é tratada pela realidade mecanizada e hipersensibilizada da lente de uma câmera digital.
O hiperrealismo é uma tendência contemporânea que se observa na arte através de uma série de características, dentre elas a fotográfica. Neste movimento, o artista passa a ser a máquina – a obra não é mais vida, mas uma captação da máquina que é o próprio artista.

Uma segunda forma de ver:
A foto do século XXI mostra que as transformações que o meio impõe passa ter um aspecto próprio da manifestação plástica contemporânea.



Uma terceira forma de ver a arte consiste em avaliar até que ponto eles são realistas.

Na antiguidade clássica(de 600 a.C. a 300 d.C. aproximadamente) e no período do Renascimento (à partir do séc. XV) até início do séc. XX. Fazer com que uma pintura pareça real apresenta problemas fascinantes, e muitos gerações de artistas trabalharam com grande imaginação a aplicação para resolvê-los. Mas tal preocupação nem sempre predominou o espírito dos artistas. Por ex. o masaicista medieval da história bíblica não fez seus personagens bem torneados, mas fez com que seus personagens principais, fossem facilmente reconhecidos.



Uma quarta maneira de ver uma obra de arte consiste em analisar em termos de construção – ou seja, o modo como formas e cores são usadas para produzir padrões dentro do quadro.

Por exemplo na Alegoria de Bronzino, poderemos observar que o grupo principal de figuras: Vênus e Cupido formam um “L” de cor pálida e o menino que simboliza o Prazer com a cabeça e o braço do Pai Tempo outro “L” invertido. Esses dois “LL” formam um retângulo que fixa a representação de uma moldura.

Os espaços são todos preenchidos por objetos e figuras, não há lugar onde os olhos possam descansar.

A obra reflete agitação e ausência de firmeza de intenção. Os personagens estão interligados num padrão formal e intelectualmente complexo.
A sensação de frieza e solidez é intensificada pelas cores usadas: azuis pálidos, brancos nervosos, com toques de verde e azul mais escuro. A única cor quente é o vermelho. Toda essa impressão de frieza e solidez é o oposto daquilo que normalmente associamos aa atividade sensual que está no centro da pintura.
O artista fez com que o gesto de amor e paixão, usualmente terno, se traduzisse nesse quadro por um gesto frio e calculista.

A análise formal da construção de uma obra de arte, ajuda a compreender melhor seu significado, porém o mais importante, não é limitar-se somente a olhar, mas a ver e analisar, porque através desse diferencial encontrará o caminho que irá ajudá-lo a progredir de um mero olhar passivo para um ver ativo e discernidor.